Aplicativos de relacionamentos. O que esperar deles?


Você já usou? Como foi? Fizemos o acompanhamento de jovens experimentando, e encontramos casais que se conheceram via aplicativos.

Veja como foi

Você já usou aplicativos de relacionamentos?

Sim:
Não:

A ERA DOS MATCHS


Watana Melo

Relacionamento. Termo complexo e, ainda, muito confuso para algumas pessoas. Com a grande evolução tecnológica, a busca por companhia através do meio virtual se tornou algo corriqueiro e sem julgamentos, tratando apenas de mais uma forma de conhecer novas pessoas ao invés de se buscar o amor para a vida inteira.

Os aplicativos de relacionamento, desenvolvidos para smartphones, antes sofriam o “preconceito” de algo elaborado para “pessoas desesperadas”. Afinal, quem teria a coragem de buscar por um parceiro (a) sem nem ao menos conhecê-lo? Hoje, com a utilização assídua da web, o tabu perdeu sua força, sendo debatido e, até mesmo, incentivado pelos usuários.

Atraindo públicos diversificados, já são mais de 15 aplicativos desenvolvidos com a finalidade de conectarem pessoas, seja por interesse, proximidade ou orientação sexual. Porém, do mesmo modo em que facilita a aproximação de pessoas, há quem diga que aplicativos como esses são responsáveis por diminuírem o romantismo no momento da paquera, ou até mesmo extinguir os relacionamentos.

Com a objetividade inserida pela tecnologia, muitas pessoas estão buscando algo casual, abolindo relações duradouras e monogâmicas. A era agora é do “pega e não se apega”. Hoje pode ser um, amanhã outro e depois mais outro. Não há julgamentos, não há preconceitos. Existe apenas a adequação e a inserção de uma cultura virtual de relacionamentos, de forma objetiva e casual. Mas, de maneira reflexiva, até quando a superficialidade e objetividade reinarão nesse meio? Fica a dúvida.

APPS UTILIZADOS

Tinder – O mais popular de todos os aplicativos de relacionamento, está há três anos em uso no Brasil. Simples, o aplicativo conecta pessoas através da proximidade, funcionando como um “cardápio”, onde você só aceita aquela pessoa que mais te agradar. Depois de quase três anos de uso, posso falar que, do mesmo modo que não se consegue nada no aplicativo, pode se conseguir muita coisa.

Happn – Um dos aplicativos de relacionamento que mais uniu o útil ao agradável. Quem nunca passou na rua e viu aquela pessoa bonita e ficou na curiosidade de saber quem era? Pois é, acho que a maioria das pessoas já devem ter vivenciado essa experiência. Pensando nisso, o aplicativo mostra as pessoas com quem você cruzou na rua, mostrando o perfil, a distância em que se encontra, os interesses e amigos em comum (já que a conta é vinculada ao Facebook). É quase um Tinder, só que você está ainda mais próximo de quem aparece para você. Super recomendo!

Once – Entrei no aplicativo com a expectativa lá em cima. A promessa era encontrar pessoas com os mesmos interesses que os meus de forma eficaz, já que o slogan era “cupidos reais”. Ou seja, pessoas reais selecionariam perfis que “combinassem” com o meu. Resultado? Todos que apareceram não tinham o mínimo de compatibilidade com o meu perfil, além de estarem sempre muito longe. Não recomendo.

Como você usa aplicativos de relacionamento?


Será que está fazendo certo?

O que os usuários buscam?


Alma Gêmea

Alguns usuários buscam sua alma gêmea, casamento e uma família feliz.

Aventura

Muitos usuários buscam conhecer novas pessoas e ter novos relacionamentos, não duradouros.

Matar o tédio

Vários usuários são apenas curiosos, não buscam nada, apenas um passa-tempo.

Apenas um amor

Muitos buscam um amor, companhia, algo que leve onde tiver que levar, seja duradouro ou não.

Opinião sobre apps de relacionamentos


João Pedro Godoy

TINDER
Disparadamente, o melhor de todos. É conhecido, muitos utilizam, é clean e fácil de usar, além do principal: é eficiente. Com todos esses ingredientes, é só sair usando e conversar com os “matchs” que você consegue, independente do seu interesse no aplicativo. De tanta gente que possui Tinder, é muito provável que uma hora você encontre pessoas com o mesmo interesse que o seu.

HAPPN
A ideia é boa, de você encontrar apenas quem você cruza na rua. Mas o aplicativo tem um visual meio bagunçado e você pode deixar pra dar like depois (algo que não me agrada, por a pessoa pensar muito pra dar ou não um like). Isso também acarreta em menos matchs (que no Happn são chamados de crushs) e, consequentemente, menos encontros. Mas tem seus pontos bons, como encontrar aquela pessoa bonita que vimos na rua e ter mais fotos e informações do que no Tinder.

ONCE
Outro que possui ótima ideia: você coloca seus interesses e suas características antes de iniciar a usar o aplicativo, e cada dia uma nova combinação fornecida pelo app chega até você. Parece ótimo, uma pessoa com as características que você gosta e que ela gosta também, certo? Errado. O Once não funciona desse jeito e chegam pessoas de todos os tipos como possíveis combinações. E como é só uma por dia, quando você não gosta de alguém, acabou a brincadeira no aplicativo. Acaba ficando chato e não cumpre o que promete. Decepção

DOWN
Era pra ser um aplicativo para pessoas que procuram encontros casuais, apenas. Mas o app é pesado, não carrega com facilidade e, pra piorar, ainda é um deserto. Ninguém o tem na região e em dois dias já esgotam tranquilamente os possíveis matchs. O pior de todos avaliados por mim.

Diário experimental dos apps de namoro


Lucas Cabrero

A proposta inicial do projeto Swipe nunca foi ser um ode ao Tinder, mas buscar entender o que faz as pessoas investirem tanto tempo em aplicativos de relacionamentos. Para isso nossa equipe, incluso eu, instalou diversos apps de namoro (ou simples pegação, como preferir) nos nossos celulares para interagir com outros usuários e aprender mais sobre esse universo. Como você poderá acompanhar nesse texto e nos escritos por Watana Melo e João Pedro Godoy. Instalei os populares Tinder, Happn e Bumble.

TINDER
Esse dispensa apresentações ao juntar dentro de seu “catálogo de pretendentes” mais de 10 milhões de perfis no Brasil. Já utilizava o Tinder antes, a proposta do Swipe foi uma boa desculpa para pensar meu perfil com mais cuidado. As poucas fotos continuavam lá (as únicas três dignas de nota numa galeria com mais de cinquenta, entendam) e minha descriçaõ se resumia a algumas referências à cultura pop na esperança de uma companhia para comentar o episódio da semana de Game of Thrones. Nesse ponto, podemos perceber que a descrição é importante não apenas para mostrar do que gosta, mas também suas intenções. Que no meu caso se resumia a alguma companhia para jogar conversa fora e reclamar da vida.

Na busca por mais combinações, fiquei sabendo de um tal de “modo produtividade”, que é basicamente ir dando like em todos os perfis que aparecem. A ideia é boa, mas não deu muito certo, vai do usuário e, no meu caso, parava muitas vezes para ler a descrição das moças que apareciam para mim. Aquela que tinha uma descrição bacana conseguia bem mais likes meus do que as com apenas fotos bonitas. Mais uma vez: a intenção que você busca com o app, não precisa ser algo necessário para utilizá-lo, mas penso que em toda rede social você precisa ter um ponto a atingir, pensar seus objetivos no processo parecia lógico.

HAPPN
De certa maneira, o Tinder é um Facebook dos apps de relacionamento, tudo e todos estão lá e você quer estar lá também. Seguindo a linha das comparações, o Happn está para um Twitter, a mania que tomou de assalto os mais ávidos por novidades ao sincronizar sua localização com o app e mostrar pessoas que você poderia muito bem ter cruzado na rua, ideal para seu crush do ponto de ônibus. Problema do Happn é que se você é como eu e faz exatamente os mesmos trajetos todo dia fazendo sempre as mesmas coisas ele não oferece nada muito interessante. Uma tarde que eu passei na Unesp de Bauru mudou bastante as pessoas que apareciam para conversar, dar like e combinações. No fim o Happn é um empurrão a mais para sair mais na esperança de aparecer gente nova no aplicativo.

BUMBLE
O Bumbler é o Google+ da brincadeira: com um potecial enorme, mas completamente impopular. Ele é uma resposta feminista a administração do Tinder, acusada de misoginia por parte das criadoras do Bumble, ex-funcionária do Tinder. A mecânica é a mesma do app do antigo patrão, o que muda é a opção de apenas a mulher poder iniciar uma conversa na hora da combinação, dando o poder de escolha apenas a ela. Uma ideia boa, mas o Bumble se revelou um deserto com poucos perfis e opções de combinação que acabaram em poucas horas de uso.

Num contexto de empoderamento, o Bumble acerta em cheio. Isso sem falar que não é todo cara que consegue iniciar uma conversa e isso livraria ele dessa pressão. Mas o app ainda esbarra na péssima cultura de que o homem precisa ser aquele que puxa assunto.

Considere
O Tinder, o Happn e o Bumble são grandes catálogos de pessoas, um comércio ou até uma feira de peixe, leva quem gritar mais alto. No caso, o “gritar mais alto” é ter um perfil que chame a atenção, e a aparência conta muito.

A lição que dá pra se tirar disso é que as novas formas de se relacionar não estão se tornando mais superficiais com apps de relacionamento. E se estiverem, qual o problema nisso? As pessoas tem diferentes maneira de encarar relacionamentos e atitudes em níveis diferentes, aplicativos como o Happn e o Tinder encurtam esse abismo entre o que você procura e a pessoa que está do outro lado também procura.

Expediente


Textos e Documentário: Lucas Cabrero, João Pedro Godoy, Natália Lemos e Watana Melo.

Arte e Diagramação: Paulo Macarini

Orientação: Mayra Fernanda Ferreira